Olhando pros dois lados antes de atravessar a Música




O que falar da Música?


Não sei dizer muito. Sei que a vi passar. Olhei de frente, gostei, aí olhei mais embaixo, depois olhei de costas. E lá estava ela, olhando de todos os ângulos, ela era a mesma.







Criança Interior



Você procurava abrigo
Te acolhi, te cuidei
Reencontrou seu brilho

Agora volta
Volta pro mundo
Que não te espera
Só roda
Se não for agora
Irá por livre e espontânea necessidade
Ciranda sem medo com o mundo

Dizem que lá fora é só teatro
Pode ser, até acredito, mas não desanime
Por meio da falsidade, muita verdade é dita
E dizem, dizem muito
Ouça, escute muito
Só tome cuidado para não engolir tudo



Poema feito durante realização do Sarau Livre Apoema, em 31 de outubro de 2014

Amigo



Um amigo é aquilo que vê além do que somos
É simples angústia e fascinação perante nossa cegueira
Um lugar seguro que aportamos quando não sabemos onde estamos

Os inimigos vêm todos os nossos erros
Mas quem nos considera a rigor, vê nossos acertos
E acerta junto quando é preciso
Erra junto, dependendo do risco

O que atrai um olhar amigo é nada menos que um mistério
Presente do destino que nos põe à disposição no momento mais inóspito
A regalia de ser compreendido quando isso seria de todas a coisa mais impossível

Assim é a amizade
Assim se faz amigos

Obrigado por tentar compreender este poema!


A Poética Para Uma Felicidade



Não sei bem se estou bem, mas tenho de estar!
Descobri isso nos percalços da vida
Que felicidade é uma escolha
Que liberdade é construção
Somos livres para ser felizes
Em qualquer caminho, até na contramão



Poema encontrado entremeio aos meus planejamentos antigos de aula.


Eu acordei

Achei que não mais
Iria escrever aqui

Achei que talvez
Nem mesmo em outro lugar

Mas aqui estou
Aqui retorno
E aqui minha consciência sempre estaria
Seja em memória
Ou em missão poética

É que a ética
Que move a minha pólis
Interna...
Minha ética mudou
Antes era para os outros
Agora é para todos

Como desfazer
O trabalho daquele eu
Que veio me refazer?

Eu acordei
E reacordei
E de acordo comigo mesmo
Creio agora eu
Não mais deixarei de ser eu mesmo
Seja quem for
Pois a coisa mais linda que Habita em Mim
Nesse habitante do abismo
É o amor

E Do Meio À Metade

                                       escrito com a colaboração de Shaqira



Apesar de você
E apesar de ninguém
Há de sermos então
Insatisfação para alguém


A pesar dos pesares
Eu lhe invento um peso fixo
E lhe carrego no quilo
E evaporo o teu choro


Para o teu desengano
Me engano também
Seu desdém me engana
Nos enganamos meu bem

    Aquele que engana
        não olha à quem

Se houvesse solução
Lhe solucionaria de todo
Se houvesse perdão
Eu lhe seria grata, e assim rogo


Para o seu caminhar
Preparei essas pedras
Desenrole-as depressa
Ou ficará com preguiça


Mais à frente há um ponto
Onde marquei para lhe encontrar
O pintei em um grande quadro
Mapa da história que estamos a criar






Poema sobre a desvontade de ficar




Aqui estou
Mas não sei estar
Procuro olhar sem nada avistar

Construo a vista
Sem nenhuma pista
Se algo já havia

Me dizia o vento
Pra estar sempre a contento
E nunca me aviuvar da alma

Mas vento, brisa que acalma
Por vezes levanta a alma
Enquanto eu descanso ao mar

Sei que a terra, o mar, a calma
Muito devem 'a sublime alma
Mas devem também 'a pecados
Que não tiveram preguiça de conquistar




Hino à Espera do Erro Inesperado




Você me vem quente
Mas tua quentura dispersa o meu querer
Macia como nunca
Com uma boca taciturna
Que enredou muitos, seduziu, e deu prazer


Ei de ter sempre prazer em solidão
Mesmo que o mundo não perdoe o meu secreto gozo
Com tudo e com todos, em um pleno e eterno tesão

Completa busca desenfreada
A muito em mim era travada
E hoje trouxe aparição

E ainda que eu não me mostre forte
É por confiar tanto na sorte
Que uso a forca do meu coração


O mundo não é assim tão mal
Que eu não possa rir,
Quando me fazem chorar
Que mesmo em meio ao desespero
Não haja oportunidade
E sabedoria, pra nele gozar

Os fortes já tiveram vez
Mas a doutrina se desfez
Em forte emancipação
Daqui seguimos então
Sob a luz na escuridão
Na contramão da ilusão