Coisa essencial é saber estar nu, pois a nudez é sublime. É importante saber se despir, mas antes conseguir viver sem se vestir.
O nu é belo e é sábio, é natural e deveria ser
ordinário. Defender-se assim de toda banalidade que um ser possa
carregar. Assumir apenas a si mesmo como parte do universo. Qualquer
algo a mais tem de vir com pureza, e que não seja acessório, que venha
como complemento, para diminuir a distância entre o eu e o mundo, nunca
para os separar.
É no Universo que a nudez tem seu lugar. É no todo que o nu se abriga. É com o tudo que o nu se veste, e com mais nada.
Se
vestir deveria significar crescer, não se encobrir ou se esconder. Se
despir é se mostrar a cada crescimento, se enxergar a cada passo.
A dúvida que se veste de certezas para se conter, se
defender de si, se auto amedrontar, nunca irá se reconhecer. Tudo que
vier a conhecer não fará sentido em si, pois não o sente em si mesma.
A dúvida que se veste de certezas e não se admite não
reconhece que não há resposta além de si mesma. O que responde a toda
manifestação sua é o mundo. Não adianta olhar com outros olhos o que te
circunda e está especialmente onde só você pode ver.
É preciso se despir, deixar a vida o afetar. Só assim
o universo é afetuoso consigo. É justo que precise deixar-se totalmente
a vista para ser completamente encontrado. Nu, para que a verdade não
seja contida e nem definida; que flua entre o ser e o estar.