Marco




Se é um marco
São marcas profundas
Serão um marco em nossa história
Nem São Marcus diria
Que ao levarmos uma lavada de lama
Para que mostremos a outra margem


Marginal sim,
É a dignidade humana
Tão quanto imaginária é
A sacralidade da natureza
Que está pra além de algum resgate
E até a parte que ainda nos resta
A depender de alguns, Vale nada
Não demora e outra torrente ainda desaba
Derramando uma torrente de histórias da gente enlameada



Quanto Vale?
Quem paga?
Paga a quem,
pra ter tudo apagado do mapa?


Não duvidaria,
Em alguma nota de fim de página
Dos laudos onde terminará essa tragédia
Alguém em profundo arrependimento
Alegar insanidade
E orar para que ainda ignoremos sua existência


Rogo eu,
Pra que não caiamos nessa inocência
Demasiado crédulos em algum milagre
E por isso faltemos com a ciência
Que nunca deixou de nos avisar dos fatos
Nem colaborou pra tornar a gente ingênua



Se é um marco
Que não fujamos da realidade
Marquemos a página do nosso próprio relato
Dessa nossa história, a ser repassada e estudada
E que peçamos ajuda, aos céus e à Terra
Pra desfazer esse nosso erro
O qual cabe o único mérito
De ser o marco de uma nova era
Na qual construiremos do barro e do ferro
Uma terra onde a paz vença a guerra
Onde não mataremos nossos próprios sonhos
Vigiaremos nossos planos de ganância
Amansando de vez aquela fera
Que finge de ferida sempre que lhe negam um capricho
Pois o tempo da cobiça e da birra já era
Só em um marco, essa febre se encerra



Escombros de uma dialética





Escuta
Me escuta
Conversa não pode ser disputa
Onde você sempre tenta me botar numa sinuca

Malha que não se sustenta
Enquanto agente se enfrenta
No meio do caminho o fio se arrebenta

Fica então o  desafio
Não deixar o carro sair  do trilho
Olhos que se olham já não compartilham o brilho
Frutos secos de um diálogo semeado no vazio

Como poderia ser, se em meados da história
Um deixou de ouvir o outro, seus miados de revolta
Calando com seu juízo,  emendando a memória
Com o que cada um acha dos atos, emudecendo os fatos
                               
Parto ressabiado da indecisão
Enfesando a impaciência que resta
Pio uma palavra a cada passo
Ventos abalam o meu retorno
Luta que insiste na escuta


A Princesa e o Pebleu




Ele queria ser
Mas não podia
Mesmo assim queria

Mesmo não sendo
Algo já era
Como se ignorar
Como se considerar

Como se contentar
Ser plebeu e não ser princesa




O poema entrou em dilema
Seu ecossistema
 Estava sem tema





Poeta buscou uma antena
Pra saber, decidindo no escuro
Se seria ao microfone ou à pena